O presidente e vice-presidente do Coleprecor, desembargador Eridson João Fernandes Medeiros, presidente do Tribunal Regional da 21ª Região (TRT-RN), e o corregedor da 7ª Região desembargador Clóvis Valença Alves Filho, reuniram-se em Natal-RN com a Comissão do Colégio de Diretores Gerais da Justiça do Trabalho.
Na pauta do encontro, ocorrido na última sexta-feira (19) no TRT-RN, estava o alinhamento das ações dos TRTs às diretrizes do Conselho Superior da Justiça do Trabalho (CSJT), devido às diferentes realidades regionais do judiciário trabalhista.
Foram discutidos, também, a execução orçamentária de 2024, além do provimento de cargo, considerando a excessiva carência do quadro de servidores.
A comissão de diretores gerais foi composta por Márcio de Medeiros Dantas (TRT 21), Rômulo Borges Araújo (TRT 2), Neiara São Tiago Cysne Frota (TRT 7), Adlei Cristian Carvalho Pereira Schlosser (TRT 15) e Álvaro Celso Bonfim Resende;(TRT 18).
O vice-presidente do Coleprecor, desembargador Clóvis Valença Alves Filho, disse que o encontro foi significativo por ser “um momento de discutir nossas pautas comuns e as perspectivas para este ano que começa”.
Para o presidente, desembargador Eridson João Fernandes Medeiros, foi “importantíssimo já começar o ano de 2024 com essa vontade de trabalhar em prol do Judiciário trabalhista”.
Ele explicou que a reunião é o “ponta pé inicial para discutirmos ações, atividades, tudo aquilo que está relacionado aos Tribunais Regionais do Trabalho do Brasil, para que possamos fortalecer cada dia mais a Justiça do Trabalho”.
O desembargador Eridson Medeiros falou ainda, como uma pauta recorrente nos TRTs, a “capacitação de servidores e juízes para que possamos dar um serviço público de eficiência. O nosso público é aquele que está lá fora, o cidadão comum”.
Os novos dirigentes do Colégio de Presidentes (as) e Corregedores (as) de TRTs tiveram um encontro com o presidente do Tribunal Superior do Trabalho e do Conselho Superior da Justiça do Trabalho, ministro Lélio Bentes, nesta terça-feira (13), em Brasília.
O presidente do Coleprecor e presidente do TRT-RN, desembargador Eridson Medeiros, participou do encontro ao lado da secretária-geral do Colégio, a presidente da 17ª Região, desembargadora Daniele Corrêa Santa Catarina, e do vice-presidente do Colégio, o corregedor da 7ª Região, desembargador Clóvis Valença Alves Filho.
Os dirigentes também tiveram reuniões com a corregedora-geral da Justiça do Trabalho, ministra Dora Maria da Costa, e o ministro do Superior Tribunal de Justiça e corregedor nacional do CNJ, ministro Luís Felipe Salomão
Entre os assuntos tratados nos encontros, os dirigentes do Coleprecor convidaram as autoridades a participarem da primeira reunião do Colégio marcada para o dia 20 de fevereiro de 2024 e falaram, ainda, sobre a regulamentação pelos TRT’s da licença compensatória, de auxílio saúde de juízes e servidores, além de uma agenda para 2024 sobre ações para conscientização da importância da competência da Justiça do Trabalho e de temas ligados ao CNJ e suas metas, e sobre a Corregedoria da Justiça do Trabalho.
O prazo médio de tramitação processual na fase de conhecimento, e os modos de reduzi-lo, foi o tema apresentado pelo juiz auxiliar da Presidência do TRT da 9ª Região (PR) e coordenador do Subcomitê de Pesquisa Judiciária, Lourival Barão Marques Filho. O magistrado foi um dos expositores na reunião do Coleprecor realizada no Distrito Federal, entre os dias 20 e 21 de novembro.
O estudo foi foi realizado pelo Subcomitê de Pesquisa Judiciária no próprio TRT do Paraná, entre 2022 e 2023, é exercício de Jurismetria, metodologia que combina Estatística e Direito com a finalidade de construção de soluções de gestão processual baseadas em evidências.
“O que é o prazo médio? É o tempo entre o ajuizamento da ação até a sentença. Só a primeira instância. Então esse é o primeiro recorte da pesquisa. A ideia foi a gente trabalhar com evidências empíricas para tentar descobrir e decifrar como é o comportamento do prazo médio, a dinâmica disso, e buscar soluções para melhorá-lo. Mas a gente só consegue melhorar aquilo que a gente conhece”, afirmou.
Para o juiz do trabalho, a questão da celeridade e diminuição do tempo de tramitação processual é inerente ao próprio sistema judiciário. “A questão do prazo é uma questão principal no sistema de Justiça. A gente sempre tem que buscar mecanismos e ferramentas para que a gente possa reduzi-lo e de fato entregar uma resposta para quem procura o Judiciário, do modo mais rápido possível”, observou.
A pesquisa apresentada foi motivada pela Correição Ordinária realizada no TRT do Paraná em setembro de 2022, na qual ficou demonstrado que, embora o prazo médio da fase de conhecimento estivesse acima da meta, a produtividade das unidades foi alta em relação a número de audiências, perícias e sentenças, por exemplo. Diante da aparente incongruência, o Subcomitê de Pesquisa Judiciária se debruçou para descobrir os fatores que fizeram o prazo ser maior, embora as atividades fossem bem desempenhadas.
Realizado por uma equipe multissetorial, o estudo apontou nove fatores que podem aumentar ou reduzir o prazo médio de tramitação na fase de conhecimento. “Quantidade de casos novos, quantidade de audiências que o juiz faz, quantidade de sentenças que o juiz prefere, percentual de acordo que acontece na vara, números absolutos do acordo, encaminhamento ou não dos processos para o seu juiz, quantos processos estão sobre estados por alguma decisão superior, quantas perícias tem uma vara e quanto tempo demora uma perícia”, lista o magistrado.
Após a identificação dos nove fatores principais que afetam o prazo médio na fase de conhecimento, o próximo trabalho do grupo de estudos é ponderar a influência de cada uma destas causas, criando um modelo de previsibilidade. “A gente já começou a identificar algumas situações. A primeira eu chamo de ‘paradoxo da audiência’. Intuitivamente, a gente imagina que, quanto mais audiências, mais rápido o processo andará. Não é o que acontece. Quanto mais audiência a vara faz, significa que ela realiza muitas audiências dentro do mesmo processo. Ao fazer várias audiências dentro do mesmo processo, esse processo dilata. É o paradoxo, porque aparentemente é uma vara eficiente, que faz muitas audiências, mas na prática é uma vara que tem um prazo mais elastecido”, finalizou o juiz paranaense.
O uso da metodologia de design “visual law”, na edição do regimento interno de um tribunal, pode simplificar e potencializar o uso do documento, sem prejudicar o rigor e a precisão característica desse tipo de redação. Essa foi a conclusão do estudo apresentado na reunião do Colégio de Presidentas, Presidentes, Corregedoras e Corregedores dos Tribunais Regionais do Trabalho (Coleprecor), na última segunda-feira, 20, no Tribunal Superior do Trabalho, em Brasília, pelo desembargador Luiz Eduardo Gunther, do Tribunal Regional do Trabalho da 9ª Região (TRT-PR), e pela equipe que o magistrado liderou na edição da atualização do Regimento daquele tribunal.
A nova diretoria do Colégio de Presidentas, Presidentes, Corregedoras e Corregedores dos Tribunais Regionais do Trabalho (Coleprecor) foi empossada nesta manhã, no Tribunal Superior do Trabalho (TST), em Brasília, com a presença do presidente do TST, ministro Lelio Bentes Corrêa, membro honorário do colegiado, e da ministra Kátia Magalhães Arruda, além da participação maciça dos integrantes do Colégio e assessorias dos TRTs e do TST.
Foram empossados o desembargador Eridson João Fernandes Medeiros, presidente e corregedor do Tribunal Regional do Trabalho da 21ª Região (Rio Grande do Norte), como novo presidente do Coleprecor; o desembargador Clóvis Valença Alves Filho, corregedor do Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região (Ceará), vice-presidente, e a desembargadora Daniele Corrêa Santa Catarina, corregedora do Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região (Espírito Santo), eleita por aclamação para a secretaria geral.
“É importante que a sociedade brasileira saiba quem somos, o que fazemos e quão importante é a Justiça do Trabalho na promoção da paz social, na valorização da dignidade do ser humano no mundo do trabalho”, disse o ministro Lelio, saudando a administração que se retira, liderada pela desembargadora Ana Carolina Zaina (TRT-PR), desembargador Gerson de Oliveira Costa Filho (TRT-MA) e desembargador Fernando Rios Neto (TRT-MG), assim como a administração empossada.
“Desde já convoco os nossos Tribunais Regionais para juntos pensarmos numa grande campanha de sensibilização e esclarecimento da sociedade brasileira”, concluiu o ministro.
União e colaboração
O novo presidente do Coleprecor, desembargador Eridson João Fernandes Medeiros, lembrou seus 40 anos de Justiça do Trabalho, a se completarem no ano que vem, e 36 anos de magistratura do trabalho, para colocar à disposição do Coleprecor sua experiência. Ele explanou sucintamente seu programa de trabalho, em 5 eixos, entre os quais sobressai a “defesa intransigente da sustentabilidade da Justiça do Trabalho, notadamente uma ampla discussão a nível nacional de ampliar a sua competência e lutar para manter sua abrangência, no que já está disposto no Artigo 114 da Constituição Federal. Fortalecimento da imagem institucional da Justiça do Trabalho perante os demais segmentos de justiça e sociedade”.
O desembargador destacou, ainda, o apoio “às políticas públicas desenvolvidas pelo TST e CSJT, principalmente aquelas relativas à defesa do trabalho decente, equidade de gênero, combate ao trabalho infantil e análogo à escravidão, ao assédio moral, assédio sexual e discriminação de raça”. Propôs, ainda, “abrir espaço de maior protagonismo das corregedorias no Coleprecor”.
Bendição
A desembargadora Ana Carolina Zaina se despediu da função invocando os Estatutos do Homem, poema de Thiago de Mello: “Fica permitido que o pão de cada dia tenha no homem o sinal de seu suor. Mas que sobretudo tenha sempre o quente sabor da ternura”, citou.
“Autorizasse o poeta, por compaixão, ou pela magnanimidade de sua tolerância, aditaria aquela obra imortal com um parágrafo único: Distinguidos pelo suor e pela ternura, ficam autorizados, os homens e as mulheres, a espalhar pelo mundo, na forma de gratidão, as bênçãos com que forem aquinhoados”, disse a desembargadora, concluindo que “instituiria, assim, o direito de bendizer pela gratidão”. Dessa maneira, agradeceu aos integrantes do Coleprecor e aos ministros do TST, na forma de bendição, desejando sucesso à nova mesa diretora.
A coordenadora do Coleprecor e presidenta do TRT-PR, desembargadora Ana Carolina Zaina, e o presidente do TRT-MT, desembargador Paulo Roberto Ramos Barrionuevo, assinam o termo de cooperação técnica.
Catorze tribunais assinaram, durante a reunião do Colégio de Presidentas, Presidentes, Corregedoras e Corregedores dos Tribunais Regionais do Trabalho (TRTs) – Coleprecor, na quarta-feira, 25, em Brasília, acordo de cooperação técnica para colaboração em perícias médicas e odontológicas em atendimento a magistrados e servidores. Os TRTs do Mato Grosso e do Paraná foram os primeiros a assinar o acordo. O número de adesões tende a aumentar nas próximas semanas, com a adesão de tribunais que ainda estão avaliando os termos do acordo.
A parceria entre equipes médicas e odontológicas, por meio de tecnologia, deve agilizar os processamentos administrativos, conforme modelo desenvolvido no TRT da 23ª Região (MT).
A rede de cooperação criada pelo documento deve gerar um manual de perícias específico para a Justiça do Trabalho, para maior padronização entre os tribunais, de maneira que os resultados de casos semelhantes tenham, na medida do possível, o mesmo tratamento. A parceira gera eficiência nos processos administrativos e amplia a rede de amparo a magistrados e servidores, disse o diretor-geral do TRT-MT, Marlon Rocha.
A cooperação trará agilidade na avaliação dos casos de afastamento por motivos de saúde, bem como nas situações em que a pessoa precisa se submeter a tratamento em outro Estado, diferente de sua própria Região. “Hoje, com o avanço da telemedicina, o Conselho Federal de Medicina admite que, estando a pessoa sob avaliação presencial de um médico, os outros dois componentes da Junta Médica possam participar à distância, permitindo, portanto, que todos os TRTs envolvidos ampliem a sua rede de profissionais disponíveis para as avaliações periciais”, explico o diretor-geral da 23ª Região.
Duas grandes obras jurídicas, a Consolidação das Leis do Trabalho e a Constituição Federal de 1988, ajudaram a definir o Brasil contemporâneo. A segunda, que neste 5 de outubro completa 35 anos, consolidou a primeira, que faz 80.
As comemorações, em todo o País, estão sendo convertidas também em atos de defesa das competências da Justiça do Trabalho, definidas constitucionalmente, em torno das quais, recentemente, cunhou-se o termo ”desidratação de competências”.
Para todas as presidências e corregedorias dos Tribunais Regionais do Trabalho, reunidas na última semana de setembro, em Brasília, em seu colegiado, o Coleprecor, o ministro do Tribunal Superior do Trabalho Cláudio Brandão saudou os eventos que estão sendo realizados em todo o País em torno do tema: “Já não era sem tempo”.
“Nós, que de alguma forma lutamos por preservar nossa competência, e até mais do que isso, ampliá-la, temos o dever de falar sobre o tema e trazer ao debate alguns pontos que me parecem relevantes”, disse o ministro, que detalhou posicionamentos do Supremo Tribunal Federal (STF) que conformaram, desde 1990, a visão abrangente do universo do trabalho a ser atendida pela justiça especializada do trabalho. Da mesma maneira, debateu posicionamentos recentes que a restringem.
Ministro Cláudio Brandão na reunião do Coleprecor, em setembro.
Esperamos a Constituição como o vigia espera a aurora
De 1º de Fevereiro de 1987 a 22 de setembro de 1988, congressistas eleitos pelo voto popular e direto estiveram reunidos para elaboração da atual Constituição Federal. Ao todo foram mais de 61 mil emendas parlamentares e 122 emendas populares (algumas com mais de um milhão de assinaturas). Assim como a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) representou uma revolução pacífica para o trabalhador assalariado do início do Século XX, a Constituição de 1988 é uma peça fundamental para a construção de um Brasil mais justo.
O sentido da Constituição Federal pode ser apreendido pelo próprio discurso de promulgação, proferido pelo então presidente da Assembleia Nacional Constituinte, Ulysses Guimarães, em 5 de outubro de 1988.
Naquela fala histórica, o congressista declara a cidadania como uma condição geral e ampla que é sustentada pelos direitos fundamentais individuais e coletivos. O parlamentar aponta ainda a inclusão e diminuição das desigualdades como o caminho a ser traçado para a construção dessa cidadania.
“É só cidadão quem ganha justo e suficiente salário. Lê e escreve, mora, tem hospital e remédio, lazer quando descansa. Num país de 30 milhões e 401 mil analfabetos, afrontosos 25 por cento da população, cabe advertir que a cidadania começa com o alfabeto. Chegamos, esperamos a Constituição como um vigia espera a aurora”, declarou.
No mesmo sentido, a Constituição Federal renega não apenas a tirania direta do Estado sobre o cidadão, mas também a opressão e a discriminação entre as pessoas e a interferência de um dos Poderes da República sobre os demais. “Temos ódio à ditadura. Ódio e nojo. Amaldiçoamos a tirania aonde quer que ela desgrace homens e nações. Principalmente na América Latina”, expressou o presidente da Assembleia Nacional Constituinte.
No entanto, o discurso do “Senhor Diretas” reconhece que a realidade é mutável e que um documento é limitado ao tentar descrevê-la. Por isso a Constituição admite mudanças em seu texto, por meio de emendas constitucionais (EC). Desde 1988, a Constituição Federal já teve 143 modificações. Além das 131 emendas regulares, há seis tratados internacionais sobre direitos humanos e seis emendas decorrentes da revisão constitucional de 1994.
Apesar do número de modificações, a essência da Carta Magna é a mesma, mantida pelas suas cláusulas pétreas: forma federativa de Estado; o voto direto, secreto, universal e periódico; a separação dos Poderes; e os direitos e garantias individuais.
O Brasil de 1988 já não existe mais. Em 2023 não foi apenas a tecnologia que avançou, mas, de um modo geral, a qualidade de vida média dos brasileiros. O discurso de Ulysses Guimarães se encerra como começou: destacando a vontade de mudança do povo brasileiro. Mas não a mudança que abra mão das conquistas sociais e políticas dos cidadãos e cidadãs, como a democracia. “A Nação quer mudar. A Nação deve mudar. A Nação vai mudar. A Constituição pretende ser a voz, a letra, a vontade política da sociedade rumo à mudança”, finalizou.
Fundamentos
Apresentação da ministra Rosa Weber, então presidente do Supremo Tribunal Federal e do Conselho Nacional de Justiça, na edição da Constituição Federal no idioma Nheengatu, um dos mais de duzentos idiomas indígenas presentes no Brasil.
Exemplar da Constituição em Nheengatu entregue pelo presidente do TRT AM/RR, desembargador Audaliphal Hildebrando da Silva, à coordenadora do Coleprecor, desembargadora Ana Carolina Zaina, durante reunião do colegiado em Manaus, em agosto.
“Promulgada como um marco histórico da consolidação da democracia, do pleno respeito aos direitos fundamentais e do objetivo de construir uma sociedade mais justa, plural e inclusiva, a Constituição Federal de 1988 é a expressão máxima dos valores e das aspirações que nos conformam como sociedade brasileira.
Seus 245 artigos reúnem os anseios da plural e diversa sociedade brasileira, formada ao longo dos séculos por grupos sociais das mais variadas origens étnicas, que lograram resistir contra as violências impostas pela colonialidade e pela escravidão que por muito tempo, e ainda hoje, promovem o apagamento e a violação de direitos da população negra e dos povos indígenas deste país de dimensões continentais.
Ao longo de todo o seu texto, são reafirmados os fundamentos da República, da cidadania, da dignidade da pessoa humana, dos valores sociais do trabalho e da livre iniciativa, da pluralidade política e da solidariedade como pilares que sustentam o Estado brasileiro e como horizontes a direcionarem a atuação de todas as instituições e pessoas no sentido da realização do bem comum.
Para que tal desiderato fosse possível, uma das conquistas mais significativas da Constituição de 1988 foi o reconhecimento e a garantia dos direitos e das liberdades fundamentais de todos os cidadãos e cidadãs, sem distinção de raça, gênero, cor, religião, idioma ou orientação sexual.
Cuida-se de amplo rol de direitos que se conjugam a outros tantos artigos que delimitam a organização do Estado e de seus Poderes, estabelecendo a partitura do concerto que permitirá dar concretude ao direito à vida, à liberdade, à segurança, ao trabalho digno, à liberdade de expressão, à educação, à saúde e à justiça.
Entre todos esses direitos, para efetivar a promessa de cidadania da Constituição de 1988, o acesso à informação desponta como requisito fundamental. E garantir que todas as pessoas conheçam seus direitos e os meios para sua realização, em sua forma mais direta, manifesta-se também como um dever fundamental, urgente e inafastável do Estado brasileiro.
Ao traduzir nossa Lei Maior para o Nheengatu, idioma indígena preservado por inúmeras comunidades cujos territórios tradicionais se distribuem por toda a região amazônica, o Conselho Nacional de Justiça busca efetivar a igualdade em sentido substantivo, assegurar o acesso à informação e à justiça, permitindo que os povos indígenas conheçam os direitos, os deveres, os fundamentos e a organização do Estado brasileiro aos povos indígenas em sua própria língua.
É certo que toda experiência de tradução envolve um exercício intercultural e uma abertura epistêmica para outra compreensão de mundo, pois a linguagem é, em si uma manifestação cultural. Nem sempre há palavras aptas a expressar significados e conceitos que não são previamente compartilhados pelos falantes de idiomas distintos.
Por isso, o resultado desse processo só foi possível graças à união dos esforços entre o Poder Judiciário e o competente trabalho desenvolvido pelos tradutores e consultores indígenas, cujo saber ancestral viabilizou o ousado objetivo de, pela primeira vez, traduzir, por completo, os áridos dispositivos da Constituição de 1988 para uma língua indígena.
Na Década Internacional das Línguas Indígenas (2022-2032), instituída pela Assembleia Geral das Nações Unidas, damos, assim, mais esse importante passo para o cumprimento do objetivo de promover sociedades pacíficas e inclusivas para o desenvolvimento sustentável, proporcionando o acesso à Justiça para todos e construindo instituições eficazes, responsáveis e inclusivas em todos os níveis.
Com a expectativa de que sigamos avançando, o produto que ora apresento é uma forma concreta de reafirmar o reconhecimento dado pela Constituição de 1988 aos direitos originários dos povos indígenas ao respeito e à preservação dos próprios valores, costumes, tradições, idiomas e tudo que representa a sua autodeterminação, sua organização social e seu modo de vida: seus direitos à igualdade e à diferença. Para além disso, é uma manifestação do compromisso do Poder Judiciário brasileiro com a guarda da Constituição, com a realização da democracia, com a promoção dos direitos humanos e com a construção de um país mais justo e igualitário para todos.”
Comendas e homenagens concedidas por diferentes tribunais foram entregues ao longo da reunião ordinária do Colégio de Presidentas, Presidentes, Corregedoras e Corregedores dos Tribunais Regionais do Trabalho (Coleprecor), de 26 a 28 de setembro, em Brasília.
Coqueijo – Bahia
O Presidente do Tribunal Regional do Trabalho da 3ª Região (MG), desembargador Ricardo Mohallem, e a desembargadora Regina Gláucia Cavalcante Nepomuceno, do TRT da 7ª Região (CE), foram condecorados com o grau Grande Oficial da Comenda Ministro Coqueijo Costa, oferecida pelo TRT da 5ª Região (BA).
Araucárias – Paraná
O ex-presidente do Tribunal Superior do Trabalho (TST), ministro aposentado Emmanoel Pereira, e o ex-corregedo-geral da Justiça do Trabalho, ministro Guilherme Augusto Caputo Bastos, foram condecorados com a Ordem do Mérito Judiciário do TRT da 9ª Região (PR), conhecida como Ordem das Araucárias, no grau Grã-Cruz. No mesmo dia, com a presença dos integrantes do Coleprecor, os dois ministros também tiveram seus retratos inaugurados nas galerias de presidentes e de corregedores do TST.
A Justiça do Trabalho deverá ter, em breve, seu protocolo para julgamento sob a perspectiva da infância e adolescência, a exemplo do que já ocorre com os julgamentos sob perspectiva de gênero. A novidade foi relatada ao Colégio de Presidentas, Presidentes, Corregedoras e Corregedores dos Tribunais Regionais do Trabalho (Coleprecor) pelo ministro do Tribunal Superior do Trabalho (TST) Evandro Valadão.
“Meu objetivo hoje é reforçar esse compromisso do TST, do CSJT (Conselho Superior da Justiça do Trabalho) e toda a Justiça do Trabalho, sob a liderança do incansável ministro Lelio Bentes Corrêa”, disse o ministro Evandro, lembrando que, de acordo com a Organização Internacional do Trabalho, “há 160 milhões de crianças entre 5 e 17 anos que foram vítimas do trabalho infantil no mundo”.
De acordo com o ministro, a Justiça do Trabalho vem reafirmando sua vocação para realização de políticas públicas, “além de nossa vocação maior, de julgar conflitos trabalhistas”.
Já de longa data, disse ele, “o TST tem entendido que o Judiciário deve ser um lugar também para a realização de políticas públicas, segundo uma visão moderna de tribunal multiportas, que não apenas emita decisões judiciais, mas também tenha uma relação muito forte com as partes presentes no Judiciário. A forma como um tribunal, uma vara, se relaciona com seu público, tudo isso faz parte do sistema de justiça, e o TST tem entendido dessa forma, com a criação do programa de combate ao trabalho infantil, ao trabalho escravo, ampliado agora na gestão do ministro Lelio com a promoção do trabalho decente”.
Além dos integrantes do Coleprecor, acompanharam a exposição do ministro os representantes do Programa de Combate ao Trabalho Infantil e Estímulo à Aprendizagem nas cinco regiões do País, os desembargadores Maria Zuíla Lima Dutra, região Norte, Rosemarie Diedrichs Pimpão, Sul, Ana Beatriz do Amaral Cid Ornelas, Centro-Oeste, Zéu Palmeira Sobrinho, Nordeste, e João Batista Martins César, região Sudeste.
O nadador Daniel Dias, herói olímpico brasileiro, com 27 medalhas em paralimpíadas e vários recordes pan-americanos e mundiais, apresentou aos integrantes do Colégio de Presidentas, Presidentes, Corregedoras e Corregedores dos Tribunais Regionais do Trabalho (Coleprecor) o programa de saúde mental e qualidade de vida que aplica em tribunais brasileiros, chamado JurídicaMente.
Acompanhado de Paulo Pan, especialista em promoção de saúde e qualidade de vida, Daniel relatou momentos difíceis de sua carreira e os mecanismos de superação de dificuldades e manutenção da sanidade mental em ambiente competitivo, de alta performance e alto nível de cobrança, estabelecendo paralelos com as circunstâncias de trabalho e carreira de magistrados e servidores.
“Por vezes focamos na saúde física, mas ser atleta me mostrou que a parte física é apenas 5%. O que comanda é a saúde mental, e foi o que fez diferença na minha vida”, disse o nadador.
“As pessoas estão precisando ser ouvidas. Isso não é diferente para os magistrados. Quando atendemos individualmente, 70% das pessoas choram, pelo simples fato de serem ouvidas”, contou Paulo Pan. Segundo ele, o JurídicaMente é um programa de 12 horas de curso, dividido em dois dias, mais um terceiro dia de experiências práticas, em campo, que dependem dos objetivos de cada tribunal, com foco em saúde mental.
Medalha
O presidente do Tribunal Superior do Trabalho, ministro Lelio Bentes Corrêa, que assistiu à palestra, disse que Daniel “é sem dúvida exemplo para todos nós, mas acima de tudo evidencia o quanto ainda precisamos evoluir na sociedade brasileira, para construir uma sociedade verdadeiramente inclusiva, fraterna e justa”. O ministro entregou ao atleta a Medalha dos 80 Anos da CLT, “que revolucionou o nosso país”.
Para a coordenadora do Coleprecor, desembargadora Ana Carolina Zaina (TRT-PR), “o exemplo de Daniel Dias, esse menino sorriso, inspira-nos a avançar continuamente na direção da inclusão de todas as pessoas, em todos os ambientes da vida social, e reforça, também, nosso olhar para as questões de saúde mental em nossos tribunais, que devem ser enfrentadas, com sensibilidade e decisão”.